O FIM DA DINASTIA DOS HABSBURGO

3:51 PM

A longa luta enfraqueceu a família, apesar do acréscimo de Portugal a seu território.

Em 1700, a linha espanhola extinguiu-se e a herança espanhola passou aos Bourbons.

A Guerra da Sucessão Espanhola (1701-1714) não permitiu aos Habsburgos austríacos recuperar a herança espanhola, mas confirmou seu papel de potência européia, dando-lhes os Países Baixos do Sul, hoje Bélgica e terras na Itália, a saber em Nápole, Sardenha e Milão.

Já a Guerra da Sucessão Austríaca ameaçou a monarquia.

A Sanção Pragmática de 1713, dada por Carlos VI, estabelecia a indivisibilidade do patrimônio dos Habsburgos e regulamentava a sucessão ao trono por ordem de primogenitura.

Em 1740, o imperador Carlos VI morreu sem filho varão, e os direitos de sua filha, a arquiduquesa Maria Teresa, foram contestados pelas potências, especialmente a Prússia, que desconsiderou a Sanção: teve início a Guerra da Secessão (1740-1748).

Por um curto intervalo a dinastia dos Habsburgo perdeu a coroa imperial e, sobretudo, a província da Silésia, no norte da Boêmia, em benefício do rei da Prússia Fredrico II.


O reinado de Maria Teresa


A dinastia floresceu novamente sob o comando de Maria Teresa (1717-1780) e seu filho José II (1714-1790).

O reinado de Carlos VI, de Maria Teresa e de José II foi a época de apogeu da monarquia austríaca. Seus reinados corresponderam ao florescimento da cultura da Europa central, à qual se mesclavam contribuições italianas, eslavas e magiares.

A unidade do Império se via assegurada pela língua alemã e pela centralização do poder.

O casamento da arquiduquesa Maria Teresa com Francisco de Lorena originou a nova dinastia Habsburgo-Lorena.

Maria Teresa fez eleger seu marido Imperador do Sacro Império em 1745, como Francisco I.

Seu reinado foi dos mais brilhantes. Reforçou a administração central, confiando a gestão das finanças a um diretório central. Criou um Conselho de Estado, departamentos ministeriais e uma chancelaria unificada para a Áustria e a Boêmia (reforma do príncipe de Kaunitz-Rietberg em 1761-1762, partidário de política centralizadora de Maria Teresa).

O número de funcionários quadruplica, aumenta para 20 mil pessoas. A instrução recebe atenção majoritária. Mas se mantivera os quadros sociais anteriores, conservaram-se as Dietas, e as reformas não foram aplicadas na Hungria que guardou seus privilégios.

O chanceler Kaunitz dirigiu a política exterior de 1753 a 1792.

Em 1756 a Áustria se reconciliou com seu inimigo hereditário, a França, para combater o poder da Prússia e recuperar a Silésia.

A aliança marca o começo da Guerra dos Sete Anos (1756-1763). Kaunitz estabeleceu uma coalizão entre Áustria, França, Polônia, Suécia e Rússia contra a Prússia, mas as vitórias do rei Frederico II e a defecção dos russos obrigariam Maria Teresa a assinar a Paz de Hubertsburgo em 1763.

Maria Teresa já estava do lado de Frederico II quando da partilha da Polônia em 1772, anexando a Galícia.


José II


Imperador titular desde 1765, José II só exerceria o poder em 1780, por morte da mãe, Maria Teresa.

Suas reformas lhe valeram o apelido de «déspota esclarecido»: centralização da administração dos Estados muito mais forte, abolição da servidão e da tortura.

Suas convicções religiosas, que são chamadas «josefismo», subordinam a Igreja ao Estado.

Estabelece a liberdade religiosa por um edito em 1781) e o casamento civil. Mas tais reformas se chocam com as tradições locais e as sensibilidades religiosas, sobretudo na Hungria, onde o Imperador se vê obrigado a renunciar à emancipação dos camponeses.

Ao final de seu reinado assiste a rebeliões nos Países Baixos do Sul e ameaças na Hungria... Seu irmão e sucessor, Leopoldo II, só acalma a situação ao abolir parte das reformas.


Francisco II


O reinado de Francisco II foi marcado pela luta contra a França revolucionária, napoleônica.

A guerra declarada pela França em1792 continua até 1815.

Em 1797, o Tratado de Campoformio Áustria, que perde os Países Baixos do Sul (atual Bélgica), a Lombardia e suas últimas posses no Reno.

Depois da derrota em Austerlitz (1805), o Tratado de Presburgo obrigou a Áustria a ceder à França o Vêneto, a Ístria e a Dalmácia.

O imperador se viu obrigado a tratar com Napolão Bonaparte e a aceitar seu casamento com sua filha Maria Luísa.

O nascimento da Confederação do Reno, por iniciativa da França, obrigou Francisco II a renunciar ao título de Imperador do Sacro Império em 1806. Mas Francisco II permaneceu imperador, pois havia tomado o título de Imperador da Áustria em 1804.

Em 1814-1815, a Áustria estava entre os vitoriosos.

O congresso de paz se reuniu em Viena, regido pelo príncipe Metternich, que dirigia sua diplomacia desde 1809.

Matternich tentou efetivar um equilíbrio europeu durável e evitar o retorno das idéias revolucionárias: a Santa Aliança de 1815 entre a Áustria, a Rússia e a Prússia estava disso encarregada.

O tratado de Viena restabeleceu o poder da Áustria na Alemanha e na Itália, onde criou-se o Reino Lombardo-Vêneto, confiado aos Habsburgos.

O Sacro Império não foi restabelecido, mas criou-se uma Confederação Germânica que reunia os Estados alemães sob presidência austríaca.

Depois da revolução de 1848, a Áustria teve que enfrentar levantes na Itália e na Hungria. Outorgou-se uma Constitução em abril de 1848 aos países hereditários e um regime parlamentar foi instalado na Hungria. Os direitos senhoriais e a servidão foram abolidos pela Assembléia austríaca, que também elaborou um projeto de Constituição que dava os mesmos direitos a todas as nacionalidades.

A monarquia viu-se ameaçada.

Em Frankfurt, o Parlamento falava em unificar os países de língua alemã, incluindo-se a Áustria, e a Hungria que parecia caminhar rumo à independência. Mas a radicalização da revolução de Viena a partir de maio dividiu os partidários das mudanças.

Em outubro, o exército restaurou a ordem antiga pela força mas o imperador, já Fernando I, se vê obrigado a abdicar em favor do sobrinho Francisco José I.

Na Itália, o marechal Radetzky restabeleceu o domínio austríaco. O marechal Windischgrätz atacou a Boêmia, entrou em Viena em outubro de 1848 e depois, ajudado pela Rússia, submeteu a Hungria a uma feroz repressão e ali instalou um regime de ocupação militar até 1852.


Francisco José I


Francisco José abrigou a Constituição de 1851, mantendo entretanto algumas reformas de 1848 como a supressão dos direitos senhoriais, sobretudo porque reduz os poderes de uma nobreza - sobretudo húngara - sempre dissidente. Mas todas as novidades políticas são suprimidas.

Sob a direção do Primeiro Ministro, Feliz Schwarzenberg, e do Ministro do Interior Alexander Bach, o Império da Áustria se torna um Estado verdadeiramente centralizado. A mudança se nota mais na Hungria, onde a burocracia toma o lugar da nobreza no exercício do poder local.

O Imperador impõe a língua alemã na administração de todos os territórios e se apoia fortemente sobre o Exército e a Igreja, que recupera certa liberdade. Mas os fracassos da Áustria em política externa acarretaram uma reorientação do regime.

Os Habsburgos foram expulsos de duas regiões onde sua presença era antiga: a Itália e a Alemanha. Isolada diplomaticamente, a Áustria foi vencida pelo rei da Sardenha-Piemonte em 1859.

A derrota marcou a unidade italiana e acarretou para o Império a perda da Lombardia. Na Alemanha, a unidade não realizada em 1848-1849 desenhou-se de novo, mas sob direção prussiana.

Em 1850, na conferência de Olmültz, a Áustria obrigou o rei da Prússia Frederico Guilherme IV a manter o status quo, ou seja, renunciar a suas pretensões hegemônicas na Alemanha.


O final da dinastia


Em 1866, irrompeu a guerra entre a Prússia e a Áustria, cuja derrota provocaria o fim da Confederação Germânica e abriu caminho para a formação de uma «pequena Alemanha» dominada pela Prússia de Bismarck.

A Itália, aliada oportunamente à Prússia, obtém o Vêneto.

Francisco José I não hesita entre duas políticas opostas, a centralização e o federalismo. O «Diploma de 1860», promulgado pelo governo, foi favorável ao federalismo, mas a «Patente de fevereiro de 1861>>, iniciativa dos liberais alemães, reforçou a centralização ao retirar o poder das Dietas provinciais, e transformando o Parlamento em duas Câmaras: a Câmara dos Senhores e a Câmara dos Deputados.

As minorias, é claro, sobretudo os húngaros, recusaram a aplicação da patente.

O Ministro Schmerling reagiu com violência e dissolveu a Dieta húngara, mas foi forçado a se retirar em 1965.

Francisco José I começou negociações com os húngaros, que resultam no compromisso de 1867. O que levou à instauração de uma monarquia dualista que agrupava dois Estados, a Cisleitânia ou Império austríaco e a Transleitânia ou Reino da Hungria, sob a direção única de Francisco José I, no chamado Império Austro-Hungaro.

Os Habsburgos continuaram a governar a Áustria até 1918.

Abalada pelas lutas de nacionalidades que uma política deliberadamente federalista não conseguiu evitar, a Casa dos Habsburgos perdeu esplendor e influência.

Em matéria de política externa, sua decisão de se alinhar à política germânica foi determinante para o futuro do Império, pelo apoio dado pela Alemanha no momento da ocupação da Bósnia e da Herzegovina em 1878.

A ambiciosa política balcânica da Áustria-Hungria fez crescer o antagonismo do Império Russo e da Sérvia e depois, pelo jogo das alianças, desembocar na Primeira Guerra Mundial.

Desaparecendo Francisco José I em 1916, Carlos I assumiu o poder em um Estado sem forças, perto da dissolução. A pressão Checa e Ioguslava e as ambições territoriais dos aliados não permitiram ao jovem imperador qualquer esperança.

As derrotas militares de 1918 e a fuga para o estrangeiro de Carlos I, que renunciou a participar dos assuntos do Estado, marcaram a derrubada da dinastia e o fim da monarquia na Áustria.


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