A IGREJA E O SACRO-IMPÉRIO ROMANO-GERMÂNICO

3:50 PM



A Igreja Católica foi uma das principais instituições medievais.

O seu poder era de tal grandeza que atingia toda sociedade.

Foi na Idade Média que a Igreja tornou-se a maior proprietária de terras da Europa. Assim sendo, a Igreja atuava não somente no plano espiritual, mas também no domínio material.


Idade Média é o período, que vai do século V da era cristã até a queda de Constantinopla no século XV, época da transformação do escravismo em feudalismo, da expansão do cristianismo, do comércio, das cidades medievais e da preparação para o movimento da reforma e contra-reforma.

Para Luckesi et al., (2005), a Igreja Católica foi a responsável pela unificação das escolas que ministravam o ensino superior, em Universidades. Relatam os autores, que ao lado de um forte clima religioso gerado pela fé, pelo dogmatismo, pela imposição de verdades, nessas escolas já existia o hábito das discussões abertas e dos debates públicos, ainda que sob a vigilância dos mestres e da própria Igreja, que assim preservava o seu poder político e religioso, enquanto formava seus quadros.

Filósofos como Platão e Aristóteles são debatidos, porém persiste a
concepção estática do mundo.

Manter a unidade do conhecimento para todas as especialidades e uma formação inicial unitária é um esforço característico desse tempo [...]. É claro que não podemos falar ainda de conhecimento científico, ao menos como é entendido hoje [...]. Não obstante, muitas das qualidades hoje requeridas para o trabalho científico, como por exemplo, rigor, seriedade, lógica do pensamento, busca de prova etc... . Iniciam a sistematizar-se por esses tempos. (p.31).

Com a ruralização da economia, que se estendeu por toda a Alta Idade Média, a Igreja, antes concentrada nas cidades, foi obrigada a se deslocar para o campo, e os bispos e abades se tornaram verdadeiros senhores feudais.

Nessa época, a Igreja tinha praticamente o controle do saber.

O domínio da leitura e da escrita era privilégio quase que exclusivo de bispos, padres, abades e monges. Os membros do clero eram, por isso, as pessoas mais aptas a ocupar cargos públicos, exercendo funções de notários, secretários, chanceleres.

A Igreja que antes dependia dos reis, começou a entrar em conflito com a autoridade real.



A definição do poder papal



A organização da Igreja encontrava-se definida, por volta do século III, com a estruturação do clero secular e o surgimento do clero regular.

Clero secular era aquele voltado para a administração da Igreja, composto por padres, bispos, arcebispos, diáconos e Papa, que lideram também o clero regular, que por sua vez, obedecia regras rígidas de comportamento. Era composto por frades e monges que saíam as ruas para catequizar.

Em 325, o Concílio de Nicéia estabeleceu a igualdade entre os patriarcas (chefes espirituais) de Jerusalém, Alexandria, Antioquia e Roma. Mas já se atribuía, desde então, autoridade especial ao bispo de Roma.

A autoridade do bispo de Roma sobre toda a cristandade ocidental começou a ser reconhecida por Teodósio, imperador que oficializou o cristianismo como religião do Império Romano e que empregou pela primeira vez a palavra Papa.

Pouco a pouco, esse poder foi se consolidando, até ser reconhecido oficialmente pelo imperador Valentiniano III, com a publicação do Edito da Supremacia Papal, em 445.

Com a queda de Roma, a Igreja passou a dar unidade a Europa, isso se deu no ano de 476, demonstrando, assim, o Papa ter mais poder do que reis e bárbaros.

Perante todos ele afirmava seu poder dizendo-se representante do apóstolo Pedro, a quem, conforme afirma a Bíblia, foi confiada a chefia da Igreja, estando lá escrito: “Tu és pedra e sobre ela edificarei a minha Igreja” (Evangelho de Mateus 16:18).

A direção da Igreja era feita pelo Papa e pelos bispos, sendo que estes administravam uma diocese. Os bispos eram auxiliados nessa tarefa pelos cônegos, dando a Igreja a condição de Estado, dada sua organização.

O primeiro grande Papa na Idade Média foi Gregório I (590-604), que se aproveitou da falência do poder imperial na península itálica, onde não havia governante, para assumir o poder temporal na região.

Gregório I estabeleceu os direitos e obrigações do clero, estimulou a fé pelo canto gregoriano, desligou-se da influência do Império Bizantino e, acima de tudo, procurou converter os povos germânicos ao cristianismo, trabalho continuado por seus sucessores.



A Igreja forma seu Estado



Em 756 a Igreja constituiu seu próprio Estado na península itálica, quando Pepino, o Breve, doou ao papado o Patrimônio de São Pedro, formado por terras tomadas aos lombardos.

Com o nascimento do Estado da Igreja, o poder temporal do Papa, que passou a exercer funções de verdadeiro monarca, aumentou de forma considerável.

Após a morte de Carlos Magno, em 814, o sistema eclesiástico do Reino Franco ficou submetido à autoridade de Roma. Até então, a Igreja dependia do poder e da proteção do imperador, que se considerava ao mesmo tempo rei e sacerdote.

Para administrar a Igreja, que contava com número cada vez maior de fiéis, o papado constituiu a Cúria Romana, espécie de secretaria geral, cujos membros mais importantes eram os cardeais. Em nome dos fiéis, tinha a função de eleger o Papa.

Os fiéis, assim, deixaram de participar dessa escolha.

Para cobrir as despesas administrativas, o Papa criou o fisco pontifical, espécie de tesouro formado por rendas geradas nas propriedades do papado, contribuições, taxas sobre serviços e impostos cobrados aos reinos cristãos.



O clero regular



O clero regular nasceu do movimento monástico, por volta do século III, e tomou forma quando São Basílio, bispo de Cesaréia, organizou a regra para os monges ou cenobitas: "todos os monges deviam habitar o mosteiro ou cenóbio e praticar os votos de castidade, pobreza, caridade e obediência a um chefe, o abade".

No mosteiro, juntos, rezavam e praticavam a penitência.

A principal figura da vida monástica medieval foi Bento de Núrsia ou São Bento (480-543).

Em 529, Bento fundou um mosteiro no Monte Cassino, na península itálica, e organizou a ordem Beneditina, dando-lhe regra própria.

A Regra de São Bento, definida em 534, determinava que os monges deveriam viver em comunidade nos mosteiros; fazer votos de pobreza, castidade e obediência ao abade, que eles próprios tinham a incumbência de eleger; dedicar o tempo à oração e ao trabalho, fosse ele de caráter agrícola, artesanal, cultural ou educativo; hospedar peregrinos e viajantes; ocupar-se com os pobres e o ensino.

Algumas ordens surgiram posteriormente, como a Franciscana, criada por São Francisco de Assis e a Dominicana, criada por São Domingos.

A ordem Beneditina deu ao monasticismo ocidental forma definitiva. Todas as outras ordens monásticas que surgiram no Ocidente basearam-se na Regra de São Bento.

Os mosteiros tornaram-se verdadeiros pólos culturais na Idade Média.

Suas bibliotecas preservavam obras de escritores da Antigüidade Grega e Romana. Ao lado de cada mosteiro, geralmente havia uma escola, que atendia a população pobre da região. Em geral, os freqüentadores acabavam se convertendo ao cristianismo.

Pela Regra de São Bento, os abades deveriam ser eleitos pelos monges, mas os senhores feudais começaram a interferir nessa escolha, principalmente nos mosteiros localizados em seus domínios. Isso provocou o desregramento do clero regular. Para acabar com esses abusos surgiram diversos movimentos reformistas.

Dentre os principais movimentos destaca-se o ocorrido na abadia de Cluny (fundada em 910 pelo abade Bernon). Esses movimentos procuravam recuperar o espírito original da vida monástica e garantir a autonomia da Igreja.

Eudes de Cluny (fundador da abadia de Cluny), ressaltou que:

"Alguns clérigos desconsideram tanto o Filho da Virgem que praticam a o fornicação em suas próprias dependências, até mesmo nas casas construídas pela devoção dos fiéis a fim de que a castidade possa ser conservada dentro de seus recintos cercados, inundam-nas com tanta luxúria que Maria não tem lugar para deixar o Filho Jesus". (COSTA, Ricardo).

Merece destaque, também, a execução, dentro dos mosteiros medievais, do rígido e minucioso trabalho dos monges copistas que acabou por preservar o saber greco-romano.

Entretanto, mais que preservar, esse trabalho deu forma e conteúdo ao pensamento religioso que dominou todo o período medieval.


(Fonte: Sandra Peruchi/2007).

1 Comentário:

nelson fabio feitosa disse...

Ola
Primeiramente parabens pelo blog! muito bom!
Sou academico de comunicacao e estou estudando a Igreja Catolica.
Gostaria de uma indicacao de uma fonte confiavel (livro) onde posso encontrar os dados, datas e nomes importantes para difusao pelo mundo da igraja catolica, como os citados no seu texto!
desde ja obrigado e um grande abraço
nelson feitosa n_feitosa@hotmail.com

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